Alameda Yaya, 836, SLJ - Jd. Aida, Guarulhos/SP
Bolsa cai 3,7% e dólar fecha acima de R$ 2
Mercados têm dia negativo sob temor de retração global mais forte; com saída de estrangeiros, Bovespa acumula queda de 7% no mês
A Bolsa de Valores de São Paulo iniciou a semana em forte baixa, o que aprofundou suas perdas acumuladas em junho. Ontem, a queda ficou em 3,66%; no mês, a depreciação está em 6,96%. Já o resultado anual ainda é positivo (31,81%).
Essa mudança de rumo no mercado acionário, que teve resultado positivo em março, abril e maio, tem sido muito influenciada pela crescente saída dos investidores estrangeiros do pregão local. No mês, até o dia 17, o balanço dos negócios feitos com capital externo ficou negativo em R$ 1,3 bilhão. Isso significa que os estrangeiros mais venderam que compraram ações brasileiras no período. Segundo operadores do mercado, a saída de capital externo prosseguiu ontem.
O mercado de câmbio tem sentido também esse movimento de fuga. Tanto que o dólar voltou a superar os R$ 2, o que não ocorria desde 28 de maio. Nas operações de ontem, o dólar subiu para R$ 2,024, após salto de 2,58%.
"Em dia sem eventos na agenda, o relatório do Banco Mundial ajudou a azedar o humor nos mercados", diz José Francisco Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.
O Banco Mundial reviu para baixo sua projeção para o desempenho da economia mundial neste ano, de uma contração de 1,7% para 2,9%.
"De maneira geral, as novas projeções do Banco Mundial ficaram mais pessimistas do que as do FMI." Essas perspectivas menos animadoras para a economia "têm feito o mercado se questionar sobre eventual exagero no movimento de alta recente", diz o economista.
As Bolsas tiveram quedas fortes elevadas nas principais praças financeiras. Em Wall Street, o Dow Jones caiu 2,35%. A Bolsa de Londres perdeu 2,57%; Frankfurt, 3,02%.
Com a revisão, que projeta uma economia global ainda mais fraca, as commodities sofreram desvalorizações expressivas ontem. Isso ocorreu porque uma retração mais pesada da economia significa consumo e produção mais débeis.
O petróleo, por exemplo, encerrou ontem em Nova York cotado a US$ 66,93, com depreciação de 3,77%. O alumínio registrou queda de 5,25%.
Como boa parte das principais ações negociadas na Bolsa brasileira depende da oscilação dos preços das commodities, o Ibovespa (que acompanha as 65 ações brasileiras mais negociadas) operou no vermelho durante todo o pregão.
No setor de siderurgia e mineração, as quedas foram maiores que a do Ibovespa: a ação da Siderúrgica Nacional caiu 5,64%; Vale PNA perdeu 4,83%; e Gerdau PN, 4,65%.
Sob influência do petróleo menos valorizado, as ações da Petrobras, que representaram 20% de toda a movimentação de ontem, fecharam em queda de 4,11% (ordinárias, com direito a voto) e 3,41% (preferenciais, as mais negociadas da Bolsa doméstica).
Para baixo
Após as quedas dos últimos pregões, o índice Ibovespa desceu para 49.494 pontos. A pontuação acompanha a oscilação dos preços das ações -e encolhe quando os papéis das empresas sofrem depreciação. Desde 15 de maio, a Bolsa não ficava abaixo dos 50 mil pontos.
A perda de fôlego da Bolsa neste mês ajudou a esfriar a empolgação que começava a ressurgir em torno do mercado de ações. Todavia, mesmo com a retomada dos 50 mil pontos, no mês passado, grande parte dos analistas mantinha sua previsão de que a superação dos 70 mil pontos dificilmente ocorreria neste ano.
"O momento é de cautela. As pressões são elevadas para um movimento de realização [venda de ações para embolsar lucros] ou de calmaria, fazendo a Bolsa andar de lado [sem grandes altas ou baixas] por algum tempo. Para o fim do ano, prevemos a Bolsa em torno de 55 mil pontos", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Em maio de 2008, antes de a crise financeira internacional se agravar e derrubar os mercados, a Bovespa atingiu sua máxima histórica, de 73.516 pontos. Esse foi o ponto máximo da Bolsa, o que significa que nunca suas ações valeram tanto quanto naquele momento.