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Os prejuízos da alta rotatividade

Mudança constante no quadro de colaboradores onera custos das corporações e "mancha" currículo dos funcionários

 O índice de rotatividade nas empresas brasileiras é muito alto, sobretudo nas pequenas corporações. Problema que traz enormes prejuízos, tanto na questão técnica como na financeira. Umas das principais causas de mudanças constantes na equipe de trabalho pode estar atrelada à dificuldade na hora da contratação, inclusive por conta da falta de mão de obra qualificada. 

Uma entrevista profunda e detalhada, análise do currículo, da personalidade e do lastro profissional são fundamentais para não se errar na hora de efetivar o funcionário ao quadro da empresa. Contratar a pessoa certa para o cargo correto nem sempre é fácil, mas é totalmente possível. 

"Uma alta rotatividade é igual você perder sangue. Você contrata uma pessoa, treina por três, seis meses, um ano e perde essa pessoa. Tem que começar tudo do zero. Isso tem um custo altíssimo para as empresas e é péssimo para as pessoas, que acabam sujando o currículo. E isso tem ficado cada vez mais comum. As empresas já perceberam que isso é horrível, mas as pessoas ainda não", relata Eduardo Ferraz, consultor em gestão de pessoas e especialista em treinamento. 

A entrevista é a etapa decisiva para a escolha do novo integrante da empresa. Segundo Ferraz, seja para um cargo básico ou outro que exija mão de obra super qualificada, é preciso olhar o histórico profissional do pretendente e levantar questões como o tempo de trabalho em cada empresa, quais os motivos para ele permanecer e deixar a corporação, quantas vezes foi promovido. "Tem que comparar se o jeitão do candidato tem o jeitão da empresa. Se é uma empresa que cobra bastante, que é exigente, ela vai ter que contratar gente que se adapte, que goste de pressão. O contrário é verdadeiro. Se a empresa é mais tranquila, cobra pouco, mas também paga pouco, com um ritmo mais lento, não adianta contratar uma pessoa impulsiva, ansiosa e impaciente", frisa Ferraz. 

Rosimeire Capobianco Maciel, de 39 anos, é proprietária de uma empresa de manutenção de ar-condicionado para veículos e revela que a rotatividade na área é grande justamente pela falta de mão de obra qualificada. "Todas as nossas contratações são por indicação e a maioria dos funcionários foi treinada por nós, por que é difícil encontrar gente preparada no mercado", conta a empresária, que administra a empresa ao lado do marido. 

Nos dois últimos anos no Brasil, 90% dos empregos gerados foram em empresas de até dez funcionários, sendo que 95% deste total entraram ganhando menos de R$ 1 mil. A baixa remuneração também contribui fortemente para uma alta rotatividade. "Às vezes por uma diferença de R$ 50 a pessoas muda de emprego. O chefe olhou torto, não gostou de alguma coisa, vai trocar de emprego. E vai trocar seis por meia dúzia, um emprego de R$ 800 por um de R$ 850. Esse é o outro lado perverso", cita o consultor. 

Os salários baixos vão de encontro com a falta de mão de obra qualificada e por isso é fundamental buscar profissionais que tenham valores semelhantes com os da empresa. "O que a gente chama de valores da empresa em uma corporação pequena são os valores do dono. O empreendedor tem que aliar as características do trabalho, com as características pessoais de quem ele está contratando na seleção", aponta o especialista. "O que as empresas têm que fazer é contratar gente com potencial, tratá-lo bem e pagar bem, de preferência, porque assim ele vai ficar anos. Quanto mais tempo um profissional ficar na empresa, aumenta a experiência, o conhecimento. É bom para a empresa e para o trabalhador, que cria um histórico de trabalho sólido, que vai beneficiá-lo quando ele decidir sair." 

Rosimeire Maciel relata que diversos funcionários já deixaram o emprego para ganhar um pouco a mais na concorrência e que isso traz um prejuízo grande. "Você deixa o funcionário pronto e de repente ele sai. A gente acaba perdendo tempo e dinheiro. Para diminuir esta rotatividade temos oferecido benefícios, além do salário, como comissões e ajuda de custo, por isso temos funcionários que estão com a gente há seis, sete anos", relata. "Na pequena empresa você tem um contato direto com o proprietário e isso é um benefício na hora de resolver um problema, de pedir um aumento salarial. Cria-se um vínculo, que muita gente não abre mão."