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As várias artes do líder
Os líderes, como os maestros, precisam saber fazer: saber comunicar, saber administrar e saber gerenciar crises
É usual comparar o líder ao maestro, o artista que conduz sua equipe com o poder mágico de seus gestos, produzindo resultados refinados e criativos. Mas, o que há para além dessa metáfora? Pelo menos três artes diferentes aproximam o líder do maestro.
A primeira das artes é a da comunicação. O líder comunicador é aquele que sabe mobilizar as circunstâncias, está preparado para as situações. Tem consciência de si, de suas limitações e potenciais - o que chamamos de propriocepção. Mas também consciência coletiva: sabe como atingir toda a equipe com seu modo de falar, com as informações que passa adiante. Como o maestro que não pode perder a sintonia do grupo, o líder comunicador sabe que clareza e simplicidade são as chaves da comunicação eficiente. Fazer muitos gestos desencontrados e desnecessários faz com que o grupo perca a atenção e a confiança - e o maestro pode perder sua batuta, ou cair do pódio!
A segunda arte dos líderes e maestros é a arte da gestão: da resolução cotidiana de conflitos, da solução rotineira de problemas em meio a recursos escassos - tempo, dinheiro, talento. Logo o regente se torna gerente e a liderança perde sua aura romântica: o dia a dia bate à porta. É preciso decidir, construir consenso, negociar. Aqui é preciso desenvolver o senso de oportunidade: o que decidir antes e o que postergar? Quem agradar agora para desagradar depois? O maestro deve conduzir o ritmo de sua equipe, não perder o compasso e ir a reboque das mudanças. Caso contrário, a orquestra vai preferir tocar sozinha.
A terceira arte da liderança e da regência é a arte de conduzir a crise, evitar a catástrofe e - se ela vier - saber mudar em meio ao clímax de pressões evidentes e riscos desconhecidos. A única maneira de manter o coro afinado, sem cair de tom, em um palco tão tumultuado, é fazendo cada cantor sair da zona de conforto. Diante da inevitabilidade da mudança, a única estratégia é mudar: redefinir papéis, competências e responsabilidades.
Com esse tripé de artes, o líder e o maestro dão a estabilidade que toda equipe precisa para seguir arriscando, inovando, produzindo. Com esse malabarismo de habilidades, o show pode continuar.